15 de novembro de 2024
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Com a colaboração de diversos líderes da América Latina entre eles membros da diretoria da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) a Federação Latino-Americana de Associações para o Estudo da Dor (FEDELAT) publicou recentemente um position paper sobre o uso adequado de opioides no controle da dor na América Latina. Segundo o médico João Batista Garcia, presidente da FEDELAT e coordenador do Comitê de Dor da ANCP, o documento traz a posição oficial em relação ao uso de analgésicos opioides em face a toda a crise atual no mundo, principalmente nos EUA. “A nossa preocupação foi deixar muito clara a nossa posição em relação ao uso de analgésicos opioides, mostrando que na América Latina e no Brasil nós ainda temos muita falta de analgésico e que o nosso principal problema é falta de analgésico, pontuou.
João Batista relata que atualmente estamos usando muito menos analgésicos do que precisamos, e além disso não dispomos de uma grande variedade, e que tem vários analgésicos que ainda não chegaram no Brasil. “Esse nosso consumo e disponibilidade de analgésico tem acessibilidade ainda muito comprometida”, destacou. Para a elaboração do conteúdo diversos representantes de países da América Latina foram convocados para colaborar, desde representantes do México, Chile, Equador e tantos outros especialistas. “Temos representantes que são pessoas que fazem Cuidados Paliativos, pessoas que fazem somente atendimento de Dor e pessoas que assim como eu fazem os dois atendimentos, ou seja Dor e Cuidados Paliativos”, explicou.
O presidente da FEDELAT destaca que o conteúdo é muito importante, pois o que acontece dentro da crise americana de opioides que hoje tem gerado uma opiofobia muito grande, e os profissionais têm medo de prescrever opioide. “As pessoas tem medo de que o Brasil fique igual os EUA, e na verdade a nossa realidade é oposta, temos situações muito diferentes no Brasil, nós ainda precisamos muito de analgésicos, precisamos aumentar nosso consumo”, pontuou. O médico chama atenção para o fato de que existem localidades no Brasil que não se encontra morfina e que os pacientes morrem com dor por causa disso, por isso a importância da publicação do documento. “O position paper visa mostrar claramente qual é a nossa realidade, que o nosso maior problema hoje ainda é o subtratamento e não o uso excessivo de analgésico, esse é a principal mensagem. É claro que a gente precisa tomar cuidado para não repetir o que aconteceu nos EUA” explicou.
No documento existem várias sugestões de medidas preventivas, como educar melhor a população e a classe médica, aumentar o esclarecimento à população, colaboração em instituições para garantir que os pacientes realmente tenham acesso as medicações através de intervenções de políticas públicas, a interação entre, por exemplo, Cuidados Paliativos e Dor em toda América Latina, e também a realização de prescrições eletrônicas. “A prescrição eletrônica é algo que nós estamos tentando para ter tudo registrado, para que os profissionais possam ter até mais tranquilidade de prescrever, e para que possamos medir e fazer estatísticas adequadas para saber o nível de utilização nas determinadas áreas dessa prescrição”, pontuou.
João Batista chama atenção para o aumento da opiofobia no país por conta da crise americana. “O crescimento da opiofobia é algo que é inegável, fruto da falta de informação, e os profissionais não conhecem, não sabem usar, e não indicam direito, pois não são treinadas. Não é só medo é falta de conhecimento adequado, o que nós temos hoje é o subtratamento, atualmente milhares de pessoas no nosso país e na América Latina ainda estão sofrendo com dor e que nós precisamos tratar melhor essas pessoas” explicou.
O position paper pode ser acessado em: http://fedelat.com/wp-content/uploads/2019/06/Latin_American_Pain_Federation_position_paper_on.99857-min.pdf
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