15 de novembro de 2024
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Em uma região com grande demanda para cuidados de saúde e que necessitam de atenção médica universal e qualificada, a iniciativa de 3 médicas com o interesse em comum pela área de Cuidados Paliativos, em 2009, fez com que a prática seja, hoje, muito mais comum e acessível a esta população. “Elas criaram, à época, um projeto de trabalho voluntário, propondo a criação de uma equipe de Cuidados Paliativos com atendimento de interconsultas em todos os setores do hospital. A equipe multiprofissional foi se formando a partir de então, com profissionais que também se interessavam pelo tema e se voluntariavam”, conta Ana Luisa Rugani, coordenadora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital Risoleta Tolentino Neves – hospital de ensino, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A equipe cresceu em função da chegada de mais profissionais e, também, pelo aumento na procura pelos Cuidados Paliativos ao longo dos anos. “Com o crescimento da demanda e a solidificação da equipe, os profissionais foram alocados para trabalho exclusivo no Serviço de Cuidados Paliativos, em 2012. Após 6 anos atendendo exclusivamente interconsultas, foi inaugurada a Unidade de Cuidados Paliativos, em 2015, contando com 6 leitos e crescendo para 16 leitos em 2017”, explica Ana. Segundo a coordenadora, a residência médica em medicina paliativa (MEC), até então inexistente em Minas Gerais, foi iniciada em 2019.
A equipe atende mensalmente uma média de 101 interconsultas e interna em sua unidade de Cuidados Paliativos cerca de 87 novos pacientes. De janeiro até setembro deste ano, passaram pela unidade 788 pacientes. “O crescimento progressivo da demanda, junto com os resultados e indicadores satisfatórios – que sabidamente os Cuidados Paliativos promovem nos hospitais – são os elementos que sempre nos possibilitaram solicitar aos gestores a ampliação do Serviço, o que vem ocorrendo gradualmente. O apoio e reconhecimento da diretoria sempre foi fundamental”, ressalta a coordenadora. Hoje em dia a equipe conta com médicos e toda equipe multiprofissional qualificada na área.
Atendendo a todos, do início ao fim, gratuitamente
Ana diz que as características da região e do próprio hospital tornam o trabalho da equipe bastante requisitado. “Trata-se de um hospital geral, de 380 leitos, com pronto-socorro muito movimentado. Por esta característica, a equipe tem um trabalho muito ativo e constante neste setor, atendendo pacientes com critérios para Cuidados Paliativos desde o início de sua internação. O seguimento do paciente continua pelo seu trajeto e desfecho nos demais setores do hospital”. A equipe atua em 4 frentes de trabalho: interconsultas, unidade de Cuidados Paliativos, ambulatório de egressos e, também, educação continuada para residentes e funcionários – com cursos anuais de capacitação em Cuidados Paliativos, Abordagem da Dor, grupos de discussão e Módulos específicos para os residentes de clínica médica no início do R1. “Isso é importante para logo se familiarizarem com o tema”, explica a coordenadora.
Como o hospital é referência em trauma, Acidente Vascular Encefálico (AVE) e cirurgias vasculares, além da própria clínica médica, os pacientes atendidos pela equipe possuem diferentes perfis de nosologias. Ana detalha como funciona o atendimento. “Quatro médicos horizontais e os residentes fazem o atendimento matinal da unidade e interconsultas. Outros seis médicos se revezam na escala de plantão da Unidade de Cuidados Paliativos à tarde. Infelizmente, não possuímos plantonistas paliativistas à noite. O ambulatório atende aos pacientes egressos do próprio serviço, que se encaixem neste perfil de atendimento. Pacientes acamados e mais restritos, são encaminhados para a Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar (EMAD), que fornece um grande suporte para a transição de cuidados à alta hospitalar”.
Segundo Ana o que sua equipe faz hoje é fruto de muito trabalho e de obstáculos que foram transpostos no caminho. “Muitos foram os desafios desde a implantação da equipe. Foi muito tempo para conscientizar e consolidar a cultura no corpo clínico sobre o que são e a importância dos Cuidados Paliativos para o hospital. Muito tempo também para incorporar a ideia de que os Cuidados Paliativos não se restringem aos últimos dias de vida. Inclusive, um marcador importante em nosso serviço para que os profissionais enxergassem os paliativos como um espectro de cuidado, que poderia se iniciar paralelamente ao tratamento curativo, foi incorporar a classificação publicada pelo Serviço de Cuidados Paliativos do Cariri de: Cuidados Paliativos precoce, complementar, predominante e exclusivo”. Apesar das dificuldades, a coordenadora ressalta que os motivos para se alegrarem existem, e não são poucos. “Somos orgulhosos de conseguir oferecer um atendimento de qualidade, 100% SUS, a uma população que muito precisa. Orgulhosos dos 6.300 pacientes que atendemos nessa caminhada, que tanto nos ensinaram e ainda ensinam diariamente”, finaliza Ana.
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