15 de novembro de 2024
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Em 1962, em Barretos no interior do Estado de São Paulo, nasceu o hospital geral São Judas Tadeu, com o aumento da demanda, em 1967, foi constituída a Fundação Pio XII, entidade que se tornou a mantenedora da instituição. Desde então passou a atender apenas pacientes portadores de câncer passando a ser conhecido como Hospital de Barretos. Em novembro de 2017, a instituição assumiu o nome “Hospital de Amor”.
Cuidados Paliativos Adulto – Hospital São Judas Tadeu educação para difundir conhecimento
A unidade de Cuidados Paliativos adulto do Hospital de Amor de Barretos é grande em importância e números. Ela é composta por 50 leitos de internação, 8 de observação no Centro de Intercorrência Ambulatorial Paliativo (pronto-atendimento), Ambulatório (6 consultórios), Atendimento Domiciliar – que atende a DRS de Barretos com 18 municípios e 11 distritos –, além do serviço de interconsulta no Hospital de Amor Oncológico. Tudo isso acontece desde 2003, quando o serviço foi criado no Hospital São Judas Tadeu, onde se iniciou a Fundação Pio XII, e posteriormente se tornou exclusiva para cuidados paliativos.
Sarita Frassetto, médica e coordenadora do serviço de cuidados paliativos do local, explica que a equipe é grande e conta com profissionais de diversas áreas. “Contamos com um total de 139 colaboradores, dentre estes: 8 médicos, 21 enfermeiros, 51 técnicos de enfermagem, 5 farmacêuticos, 3 fisioterapeutas, 3 assistentes sociais, 3 psicólogos, além de nutricionista, fonoaudiólogo, dentista, musicoterapeuta e terapeuta ocupacional”. Em um biênio tão complicado quanto o de 2020-2021, novas ações vieram para ficar, a fim de oferecer mais qualidade e segurança ao atendimento dos pacientes que buscam o Hospital de Barretos. “Com a pandemia, introduzimos o teleatendimento ambulatorial em cuidados paliativos, modalidade que veio para ficar, facilitando o acesso, já que grande parte dos nossos pacientes residem em outras cidades e estados”, conta a médica.
Esse time numeroso e com diversas especificidades se justifica pelo grande número de atendimentos que a equipe oferece no Hospital. “Em média, mensalmente, são 132 internações, 295 atendimentos ambulatoriais, 143 atendimentos de intercorrência, 145 atendimentos pela atenção domiciliar e 166 interconsultas”, diz Sarita, que aponta como um dos maiores pontos positivos do serviço a assistência de qualidade para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso é feito de forma humanizada, centrada na pessoa, considerando sua história e suas dimensões físicas, emocionais, sociais e espirituais. Essa abordagem só é possível com uma equipe capacitada e alinhada nos cuidados paliativos”.
Similar ao que acontece em vários locais do Brasil e do mundo, as equipes de cuidados paliativos ainda precisam lidar com o preconceito e o descrédito de parte da sociedade e, inclusive, de outras áreas de atuação das equipes de saúde para poder desempenhar bem o seu trabalho. Sarita conta que até mesmo o fato do serviço de cuidados paliativos possuir um prédio exclusivo se tornou um “problema” para algumas pessoas. “Como a Unidade de Cuidados Paliativos tem um prédio exclusivo para esta finalidade, criou-se um estigma: o chamado “Hospital da Vinte”, fortemente associado a um local para morrer. Portanto, um dos grandes desafios é educar a população sobre cuidados paliativos e desmistificar a unidade”, explica a coordenadora.
A médica entende que essa visão deturpada ocorra devido à demora de levar os cuidados paliativos aos pacientes que necessitam dele. “Um desafio é iniciar os cuidados paliativos mais precocemente na instituição, pois a maioria dos pacientes tem acesso no último mês de vida ou até menos, o que reforça a associação com a terminalidade. A nossa interconsulta identificou que a maioria dos pacientes demoram cerca de 1 ano após o diagnóstico de doença avançada para ter seu primeiro contato com a equipe de cuidados paliativos”.
Sarita e sua equipe também costumavam forcar em projetos institucionais do Hospital, que momentaneamente estão suspensos em função da pandemia. “Um deles é o “Outono em Cores”, projeto desenvolvido para as famílias dos pacientes que faleceram no Hospital numa integração com a equipe através de dinâmicas, tendo como assunto central o luto. Além deste, outros eventos ocorriam rotineiramente na unidade, como o Café da Manhã musical, visita ao Parque do Peão e ao Pesqueiro, além da comemoração de todas as datas festivas do calendário. Esperamos poder retomar estas atividades o mais breve possível, pois nos fortalecem como equipe e promovem um viver com qualidade”, finalizou a coordenadora da equipe.
Cuidados Paliativos Pediátricos – Hospital de Amor infantojuvenil desafios a serem superados
O Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos ou Hospital de Amor infantojuvenil possui uma equipe de Cuidados Paliativos coordenada pela Oncologista pediátrica Érica Boldrini, Doutora em Cuidados Paliativos pela USP SP e com área de atuação em Medicina da Dor pela Associação Medica Brasileira (AMB). Segundo a especialista, o serviço existe desde 2010. “Foi quando iniciei o doutorado em Cuidados Paliativos. Neste mesmo ano realizamos o primeiro Encontro anual dos pais enlutados”, lembrou.
Além dela, a equipe conta com outros quatro profissionais: duas enfermeiras, uma psicóloga e uma assistente social, todos exclusivos. “Os demais profissionais ainda são compartilhados, explicou”. Essa equipe atua na assistência e no ensino. Colabora com o tratamento de centenas de pacientes e familiares, atendendo às demandas de todos os setores do hospital, flutuando entre ambulatório, internação, emergência, UTI, Transplante de Medula Óssea e ainda coordena atividades semanais de ensino para equipe, internos, fellows e residentes. “Em breve esperamos estar também atuando na pesquisa”, pontuou.
O hospital conta ainda com outras 3 medicas que possuem especialização em cuidados paliativos e 2 com especialidade em medicina integrativa.
Cerca de 50 pacientes são atendidos por mês, entre metastáticos, recidivados, refratários ou em progressão. O hospital possui 5 quartos exclusivos para pacientes em Cuidados Paliativos, e há uma vaga disponível de fellow nesta área de atuação em Oncologia Pediátrica.
Por se tratar de um hospital que atende pacientes de todo o país com diferentes crenças e valores, há um empenho coletivo para realizar um tratamento o mais humanizado possível, com atenção a todas as dimensões do ser humano. Fora o projeto de atenção ao luto, outros são desenvolvidos, como o de realização de sonhos e o de construção de legado. Apesar desse esforço, a médica coloca que os cuidados paliativos ainda esbarram em visões inadequadas, tanto por parte da equipe como dos familiares. “A morte na infância e um tabu”, destaca a coordenadora da equipe.
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