15 de novembro de 2024
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O Hospital Universitário Cajuru (HUC), em Curitiba, é reconhecido em todo o Estado por ser majoritariamente voltado a traumas e doenças neurológicas agudas. “Pelo fato do hospital ser um serviço de referência em trauma e neurocirurgia, o cuidado paliativo realizado aqui tem como principal objetivo o conforto desses pacientes (acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico, politrauma etc). Tal cuidado paliativo é pouco explorado na literatura atual – que é muito mais voltada para o paciente oncológico”, diz Ronnie Ykeda, Coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário Cajuru.
O médico explica que seu interesse e atuação foram cruciais para que o serviço existisse. “Em 2016 eu havia voltado da minha residência médica em São Paulo, onde tive uma grande influência e aprendizado em cuidados paliativos. Passei a exercer a medicina com base nesses princípios, o que chamou a atenção de outros profissionais que também se interessavam por humanização em saúde e cuidados paliativos. Em novembro/2016 já tínhamos obtido uma consciência sobre o tema, o suficiente para criarmos a comissão de cuidados paliativos do hospital”.
Segundo Ykeda a equipe tem como diferencial o foco nos cuidados paliativos neurológicos e a extensão da comissão para a área acadêmica, incluindo o aprendizado de residentes multiprofissionais, clínica médica, neurologia, medicina da família e comunidade e medicina intensiva. Hoje, a equipe é composta por 3 médicos e mais 2 integrantes de cada equipe multiprofissional (1 ativo e outro suplente – fisioterapia, enfermagem, nutrição, psicologia, fonoaudiologia, pastoral e serviço social), totalizando 17 membros, atendendo uma média de 15 a 20 pacientes ao mês.
Sensíveis diferenças e paciência
Ronnie detalha quais são as particularidades que diferem os cuidados paliativos voltados a pacientes com questões neurológicas para outras enfermidades. “Há uma diferença em relação aos outros tipos de pacientes (oncológicos ou clínicos), que é a chance do paciente cronificar e necessitar de cuidado por longos períodos (meses a anos). Na grande maioria das vezes, o cuidador, sobrecarregado, não consegue dar conta de todo cuidado sozinho. É necessário, por parte da equipe, uma atitude ativa com relação ao aumento do suporte social dessas famílias. Esse processo pode levar tempo, motivo pelo qual esses pacientes podem permanecer internados longos períodos. Logo, para atuar nesse tipo de cuidados paliativos, é necessário ter paciência”.
Além disso, as particularidades dos traumas tornam o trabalho ainda mais importante. “O desafio consiste no fato do trauma ser uma condição de ruptura aguda da saúde. No geral, os indivíduos são previamente hígidos e jovens, o que acaba por gerar uma avalanche de emoções inesperadas, tanto pelo lado do paciente, quanto dos familiares. Diferentemente de condições naturais e crônicas em que tanto familiar, quanto paciente, tem a possibilidade de se organizar emocionalmente, no trauma, não há esse ‘tempo’. Ele é súbito e disruptivo”, explica Ronnie Ykeda.
Prognósticos desafiadores
Quando se trata de enfermidades causadas por traumas, o prognóstico médico é algo que sempre irá movimentar os familiares em buscas de respostas exatas, mesmo sabendo que essa não é a realidade. Ykeda diz que, nesses casos, a empatia e a comunicação sincera são essenciais. “Existem poucos estudos que traduzem, de modo fiel, o prognóstico desses pacientes. Nesse contexto, é muito comum os familiares se agarrarem à esperança como principal mecanismo de enfrentamento. Tal situação, nos revela uma peculiaridade desse atendimento: a de empatizar com essa esperança, aliviar o sofrimento, e de se comunicar de forma honesta e acolhedora, deixando claro a incerteza sobre o prognóstico neurológico”, pontuou o coordenador.
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