Aprendendo com pessoas que precisam de Cuidados Paliativos

Lives e Webnars ANCP
calendar
12 de fevereiro de 2019

Aprendendo com pessoas que precisam de Cuidados Paliativos

Diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, a médica Maria Goretti Maciel explicou que aprende todos os dias e vai continuar aprendendo, não só com pessoas no fim da vida, mas com todas as pessoas envolvidas no tratamento, porque esta é a questão dos Cuidados Paliativos.

Para ela, a primeira preocupação a ser pensada é no conceito. Há alguns anos, quando falava de Cuidados Paliativos, dizia-se que fazia este modelo de atendimento quem tinha conceitos e princípios muito claros para atender todas as pessoas. “Eu vou muito além, não é só o conceito, é o sentido, o que significa paliar alguém, estar ao lado de alguém. Esta deve ser a nossa primeira missão”.

A palavra paliativo vem de pallium, no latim, que significa manto, proteção. É aquilo que pode ser feito para proteger alguém do sofrimento de ter a vida ameaçada ou de estar em situação de vulnerabilidade. “Cuidado Paliativo não é um diagnóstico em si, é uma abordagem, uma forma de tratar e isso é muito importante para afinar uma linguagem para saber de fato o que é essa prática. Nós somos o abrigo um do outro. Este é o sentido maior dos Cuidados Paliativos. Trata-se de uma relação humana, onde eu não sou melhor que ninguém. Nós somos iguais, somos um para o outro”, afirma Goretti.

Medicina Paliativa não é Medicina de protocolo, é de detalhes. Quando os profissionais de saúde se reúnem para discutir o caso de um paciente é preciso, antes de tudo, descrever aquela pessoa, suas doenças, tratamentos pelos quais passou, as queixas e as necessidades dela. Colocar o maior volume de detalhes nas fichas. Só assim é possível chegar a uma visão global do caso que possibilita cuidar bem daquela pessoa.

Para Maria Goretti Maciel é preciso trocar o paradigma da comunicação. “A boa comunicação significa parar e ouvir o que o outro (paciente ou familiar) compreende, como ele compreende e como eu posso ajudá-lo a enfrentar aquilo que ele compreende. Mudando estas coisas profundamente é que se começa, de fato, a fazer Cuidados Paliativos”. O Cuidado Paliativo só começa a ser feito quando as pessoas saem do próprio umbigo e colocam o outro em evidência. O paciente que está à frente e requer cuidados é o mais importante, a necessidade é a dele.

“Se o profissional entende o doente, se faz um bom diferencial, domina uma meia dúzia de bons medicamentos, do ponto de vista prático, técnico e terapêutico, tudo correrá bem. Quanto à complexidade do tratamento, é preciso que o trabalho seja feito em equipe, sem supremacia de nenhuma profissão ou de nenhum profissional. Pode existir uma liderança, o que é diferente, mas não supremacia. É preciso conversar e trabalhar de igual”, esclarece a médica.

Maria Goretti encerrou salientando a importância do cuidador se cuidar antes de cuidar do próximo, porque para que possa fazer isso é preciso que ele esteja bem.

Maria Goretti Maciel é diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, membro da Câmara Técnica sobre Cuidados Paliativos do Conselho Federal de Medicina e um dos fundadores da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. E esteve entre os palestrantes nacionais do VII Congresso Internacional Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 21 e 24 de novembro de 2018.


Gostou? Compartilhe!

Fique por dentro

CONFIRA OUTRAS NOTÍCIAS


RECEBA TODAS AS
NOSSAS ATUALIZAÇÕES

Deixe o seu email e receba todas as novidades, notícias, fique por dentro dos benefícios e muito mais!

bg