Panorama dos Cuidados Paliativos na América Latina e Brasil

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12 de fevereiro de 2021

Panorama dos Cuidados Paliativos na América Latina e Brasil

América Latina é uma região grande com mais de 600 milhões de habitantes e onde mais de 100 milhões de pessoas são maiores de 60 anos. Segundo Patricia Bonilla, atual presidente da Associação Latino-americana de Cuidados Paliativo (ALCP), mais de 2 milhões de pessoas necessitam de atenção ao final da vida na região. “Se é verdade que os Cuidados Paliativos na América Latina foram ampliados e os serviços foram incrementados, eles ainda seguem sendo terrivelmente insuficientes. Menos de 1% da população recebe Cuidados Paliativos”, destacou.

Patricia Bonilla, atual presidente da Associação Latino-americana de Cuidados Paliativo (ALCP)

Tomando como base o Atlas Global de Cuidados Paliativos lançado em outubro de 2020, em comparação a edição anterior de 2014, é possível observar uma evolução nos Cuidados Paliativos em todo território. Não há mais na região países com nível 2 de atendimento, contudo ainda se observa que a maioria se concentra no nível 3A. Porém países como Brasil, Colômbia, El Salvador e Panamá, que antes estavam na condição 3A evoluíram para a 3B. Argentina, México, Chile e Uruguai encontram se situados na 4A, com destaque especial para o México que saiu de uma edição para a outra, graças a um progresso significativo, de 3A para 4A. E como único que se encontra na posição 4B está a Costa Rica. “Em relação a políticas públicas temos sete países com planos nacionais e 13 países com programas nacionais de câncer onde estão incluídos os Cuidados Paliativos”, pontuou Patrícia.

Segundo André Junqueira, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos biênio 2019-2020, com base no Atlas dos Cuidados Paliativos no Brasil 2019, último levantamento feito pela instituição, observa-se nos últimos anos um crescimento no número de equipes. O médico informa que foram Identificados quase 200 serviços de cuidados paliativos no país, com um crescimento cada vez maior a partir de 2010. Os dados foram consolidados através da publicação do Atlas Global de Cuidados Paliativos, nele o Brasil aparece com nível 3B de provisão generalizada. “Ainda não é generalizada ao nosso ver, porquê temos ainda poucos serviços para toda a estrutura de saúde do Brasil, mas é um crescimento continuo e o próximo passo é transformar esses serviços em uma rede de atendimento, para isso temos trabalhado fortemente com diversas instituições paliativistas junto com o Ministério da Saúde, as Secretaria Estaduais de Saúde representadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e as Secretaria Municipais de Saúde representadas pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), na criação de uma política pública nacional de cuidados paliativos” pontuou.

André Junqueira, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos biênio 2019-2020

Porém a pandemia de COVID-19 teve um impacto grande no mundo, trazendo um enorme desafio com consequências difíceis e angustiantes com a grande perda de vidas, com efeitos sociais, psicológicos e espirituais. André informa que em meio a tudo que estava acontecendo por conta da pandemia, a ANCP criou do comitê COVID. “Criamos o comitê COVID que teve a participação de diversos paliativistas de diversas áreas que no meio das dificuldades de seus próprios serviços, das suas angustias pessoais e profissionais dedicaram grande tempo e energia em produzir diversos materiais para melhorar e garantir o acesso a comunicação e conhecimento em cuidados paliativos no COVID-19” destacou.

O trabalho foi desenvolvido com base em quatro pilares, Comunicação, Papel dos CP na COVID, Controle de Sintomas e Difusão de conhecimento, o trabalho teve como apoio as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dos materiais elaborados pelo comitê, a instituição trabalhou na sua divulgação pelos seus canais, não só em seu site e redes sociais, como também através de seu Podcast o Pallicast.

O paliativista destacou a relevância da comunicação com os pacientes e familiares, que no período ser tornaram ainda mais importantes, abordando a proposta Medical Situation, Values, and Plan (MVP) que trata de passos, habilidades, dicas e roteiro para facilitar conversas sobre COVID-19. Ele também destacou a mudança do ambiente de trabalho, com o uso do ambiente virtual e de recursos como a telemedicina, além de chamar atenção para a importância do trabalho em equipe principalmente em situações difíceis com as que estão sendo enfrentadas pelos profissionais em todo país.

Já Patricia informa que alinhado a missão da ALCP, durante o auge da Pandemia de COVID-19, a instituição buscou unir a expertise de diversos especialistas da América Latina com objetivo de promover educação em Cuidados Paliativa com a realização de 21 webinars. “Incluímos todos os temas relacionados aos Cuidados Paliativos e tentamos incluir a maioria dos países de forma a dar uma visão geral o que está acontecendo”, comentou a presidente da ALCP. Além disso, no site da associação foram publicadas todas as diretrizes publicadas pelos diferentes países e associações da região reunindo mais de 50 publicações e 18 vídeos.

Fazendo uma reflexão sobre os impactos da COVID-19, André Junqueira fez um resumo abordando os pontos negativos que envolvem aspectos como o descobrimento e o redescobrimento, sociais e de saúde e econômicos e políticos, e os pontos positivos que envolvem aspectos como a discussão de valores e princípios, a saúde que passou por uma aceleração de mudanças, a organização de trabalho/ educação com o isolamento social e planetárias/ ambientais com a diminuição de poluição em alguns locais e a valorização do espaço aberto.

Patricia Bonilla ressalta a criação de redes por meio de diferentes grupos na América Latina visando incluir mais países e desta forma podendo trabalhar as necessidades particulares de cada um. E conta também que a ALCP assinou um convenio com a Organização Pan-Americana da Saúde em Washington para lançar o programa Extension for Community Healthcare Outcomes (ECHO) para fornecer informações atualizadas através de caso clínicos na região. Seu inicio foi em 03 de novembro de 2020 com o primeiro encontro do programa que se repetirá nas primeiras terças-feiras de cada mês. “Se todos fizermos a nossa parte poderemos realmente alcançar o cuidado e o bem estar dos nossos pacientes” ressaltou.

 

Patricia Bonilla é médica anestesiologista e presidente da Associação Latino-americana de Cuidados Paliativo (ALCP).
André Filipe Junqueira dos Santos e médico Geriatra e Paliativista e presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (período 2019-2020). E estiveram entre os palestrantes internacionais e nacionais do VIII Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 04 e 07 de novembro de 2020.


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