Celebração ao dia do fonoaudiólogo, webinar reuniu experiências, relatos e muita informação

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13 de dezembro de 2022

Celebração ao dia do fonoaudiólogo, webinar reuniu experiências, relatos e muita informação

Comemorando o Dia do Fonoaudiólogo(09/12), o Comitê de Fonoaudiologia da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) realizou no dia 12 de dezembro o webinar “Fonoaudiologia em Cuidados Paliativos: diferentes cenários de atuação”, com a participação de Lívia Jacobs (pós-graduada em cuidados paliativos e voluntária do Favela Compassiva na Rocinha/Vidigal), Danielle Nunes (pós-graduada em cuidados paliativos e fonoaudióloga da equipe de cuidados continuados do Oncocentro) e Livia Gouvêa (pós-graduada em cuidados paliativos e fonoaudióloga do PADI-SUS).

Alessandra Rischitelli, coordenadora do Comitê, abriu o evento dando boas-vindas a todos e parabenizando os fonoaudiólogos pela data. “O principal objetivo (do webinar) é que essa conversa possa contribuir, tanto para a prática clínica, quanto nas reflexões que serão trazidas pertinentes aos cuidados paliativos”. Claudia Monteiro, também membro do Comitê, desejou que o evento pudesse ser aproveitado por todos como uma experiência singular para os profissionais da área. “Espero que vocês possam aproveitar dessa experiência que cada uma delas trará. Uma experiência única e memorável pra que a gente possa comemorar o dia do fonoaudiólogo e as áreas de atuação que esses profissionais podem ter em cuidados paliativos”.

Livia Gouvêa iniciou sua apresentação abordando o tema de sua atuação no Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI), vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a pacientes em cuidados paliativos que não conseguem se locomover de suas casas até o ambulatório. A profissional explicou que muitos não conhecem o PADI e que ele não atende apenas a idosos, mas também adultos e crianças portadoras de condições de saúde clinicamente estáveis. Ela explicou que as linhas de cuidados do PADI são reabilitação, cuidados paliativos e cuidados pediátricos avançados, listando seus benefícios.

A fonoaudióloga também detalhou como é feita a admissão de pacientes para o PADI, explicando a todos como os profissionais da equipe chegam até a pessoa necessitada para fazer a avaliação que checa se os critérios necessários para dar entrada no programa são alcançados. Livia ressaltou a diferença entre os atendimentos para adultos ou idosos e crianças. “Com a criança nós precisamos ter um jogo de cintura maior porque vamos lidar não só com ela e o diagnóstico de uma doença incurável, mas também com a família, que é difícil de entender. Tudo na pediatria é mais complexo”.

No contexto de avaliar a vivência dela nos atendimentos via SUS e particular, a profissional destacou as limitações de recursos financeiros, a compreensão da gravidade da doença e a dificuldade de limitação que ela causa, a distanásia e a dificuldade de implantar os cuidados paliativos. “No SUS, às vezes, não temos bem base para trabalhar (em função dos poucos recursos financeiros)”, disse Livia. Ela destacou que nesse tipo de atendimento a informação deve ser passada de forma clara, evitando muitos termos técnicos, para que todos os envolvidos no cuidado possam ter o melhor entendimento possível. Além disso, a fonoaudióloga lembrou que no PADI-SUS não há especialistas, mas sim o pediatra e o clínico geral. Se houver a necessidade do paciente ser atendido por um urologista, por exemplo, ele terá de se locomover até outro local. Livia foi enfática em citar que a distanásia acontece muito mais no ambiente particular, justamente por disporem de maiores recursos financeiros. “Fazem muitos procedimentos, muitas invasões e, às vezes, não é o momento de fazer aquilo”.

Danielle Nunes falou sobre a atuação do fonoaudiólogo em cuidados paliativos no ambulatório de oncologia. Ela detalhou as formas como atua junto aos pacientes que são admitidos pela equipe de cuidados paliativos que ela integra e citou o fato de que, em muitos casos, o trabalho passa por diversas questões, quase se comparando a um generalista. A profissional também destacou para todos os participantes quais são as patologias oncológicas em que a fonoaudiologia atua. “Claro que são mais comuns nos tumores que acometem região de cabeça e pescoço, sistema nervoso central, linfomas, tumor de pulmão, mas também qualquer câncer que tenha alguma cirurgia, quimioterapia ou radioterapia que afete o processo de deglutição. Qualquer agente causador de modificações e sequelas na área de atuação da fonoaudiologia, estamos ali”, explicou.

Falando sobre estar diante de tratamentos quimioterápicos ou imunoterapias, Danielle diz que o paciente está sujeito a várias formas de sintomas que impactam na qualidade de vida, e que isso – em algum momento – vai chegar à área da fonoaudiologia. “Na maioria dos tratamentos quimioterápicos, geralmente, o problema é fadiga. Essa fraqueza generalizada atua na musculatura corporal como um todo e chega na musculatura da deglutição em muitos casos”, frisou a profissional. A fonoaudióloga deu sequência a sua apresentação destacando que pacientes que não estão em fase terminal do câncer podem se beneficiar de aporte nutricional artificial, e que há estudos que apontam que aqueles que estão em fase terminal raramente têm uma melhora de qualidade de vida ou veem o curso da doença alterado com essa prática. Danielle também falou sobre o desafio na oncologia que é a adesão aos cuidados paliativos, principalmente por pacientes que não têm câncer de cabeça e pescoço, como aqueles afetados por disfonia.

A fonoaudióloga Lívia Jacobs abordou o seu trabalho voluntário junto à comunidade compassiva (Favela Compassiva), explicando que, no passado, era muito comum os doentes serem tratados dentro de casa por seus parentes e cuidadores, e que isso foi reduzido com a urbanização, que fragmentou muitas famílias em pequenos grupos. Hoje, segundo ela, a maioria dos doentes ocupam leitos hospitalares porque não têm as suas necessidades comunitárias atendidas. A profissional ressaltou o conceito de uma comunidade compassiva, destacando a sociedade como motor de mudança, a compaixão como eixo transversal, a criação de redes de atenção a partir das comunidades e o vínculo com o SUS. “As pessoas são motivadas pela compaixão a assumir a responsabilidade e a cuidarem umas das outras”, disse Jacobs.

As favelas também tiveram atenção especial, justamente por ser nesse ambiente em que a profissional atua com a comunidade compassiva. “A forma de lidar com esse sujeito deve levar em conta os aspectos biológicos e o contexto em que ele se encontra. Pra eu entender, pra saber tratar esse doente, tenho que entender esse contexto dele, tenho que me apropriar daquele local. Não é a minha realidade, é a realidade do paciente. Quando a gente atende o paciente no ambulatório do hospital, não conseguimos ter a dimensão do que está por trás daquilo. Às vezes ele sai com uma cartilha de atividades e orientações… e como ele vai chegar em casa? A gente fala sobre a questão da adesão do paciente ao tratamento: o quão difícil é ele aderir a um tratamento no ambulatório por conta do deslocamento dele para essas consultas”, pontuou Jacobs.

Você pode assistir à íntegra do webinar “Fonoaudiologia em Cuidados Paliativos: diferentes cenários de atuação” abaixo.


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