eHospice: Dr. Derek Doyle, autor de O Bilhete de Plataforma, avalia a importância da cooperação em #CuidadosPaliativos

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29 de janeiro de 2014

eHospice: Dr. Derek Doyle, autor de O Bilhete de Plataforma, avalia a importância da cooperação em #CuidadosPaliativos

Editorial do eHospice: Um exercício internacional de compaixão

Por Dr. Derek Doyle

Tradução para o português: Carla Dórea Bartz (ANCP)

(publicado originalmente em inglês no eHospice.com, no dia 21 de janeiro de 2014. Link: http://www.ehospice.com/default.aspx?tabid=10086&ArticleId=8500#.Uuk__KVxv9A).

O Dr. Derek Doyle, autor do livro Bilhete de Plataforma, editor e fundador da revista Palliative Medicine e editor sênior de três edições do Oxford Textbook of Palliative Medicine, reflete sobre o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos e pergunta como a comunidade paliativista pode ajudar a espalhar seus conceitos pelo mundo. Bom exercício também para nós brasileiros.

Algumas pessoas podem pensar que eu e outros pioneiros do movimento hospice e dos Cuidados Paliativos somos como dinossauros vivos.

De fato, os anos 1960 trouxeram muita satisfação, como também desafios e, por isso, ninguém poderia chamá-los de fáceis. Desde que começamos, em 1968, houve muitos avanços e conquistas: muito mais do que pensávamos ser possível.

O sucesso de nosso “movimento” se deve, em muito, às organizações nacionais, internacionais e profissionais que têm trabalhado ao longo dos anos para promover os Cuidados Paliativos. Em particular, ressalto o trabalho da International Association for Hospice and Palliative Care (IAHPC), que tem tido um papel importante na promoção dos Cuidados Paliativos em todo o mundo.

Contudo, a IAHPC também enfrenta dificuldades: muitas pessoas veem os Cuidados Paliativos como um luxo muito distante de suas prioridades. Como resultado, negociações sem fim com líderes políticos e profissionais nacionais e internacionais, com poucos resultados nesses últimos 20 ou 30 anos. Outros obstáculos têm sido as restrições ao uso de opioides e, ainda persistindo hoje em mais da metade dos países do mundo, o mito de que opioides causam dependência química.

Agora (estou tentado a dizer “finalmente”), a Organização Mundial da Saúde (OMS) está nos mostrando a sua autoridade e influência política. O Plano de Ação Global sobre a Prevenção e o Controle de Doenças Não-Transmissíveis (2013-20120) inclui os Cuidados Paliativos como uma das áreas propostas aos Estados Membros. A OMS publicará em breve o Atlas Global de Cuidados Paliativos, em colaboração com a Worldwide Palliative Care Alliance (WPCA).

Esta semana, a OMS divulgou um relatório, submetido ao Comitê Executivo, sobre a necessidade crescente de serviços de Cuidados Paliativos. O relatório amplia o escopo dos esforços passados para ressaltar a necessidade de assistência paliativa a pacientes portadores de patologias diversas, não só aqueles que têm câncer.

Mas, com isso, lembramos que 21 milhões de pessoas precisam de Cuidados Paliativos a cada ano e que 42% dos países do mundo não têm uma única iniciativa na área. Também sabemos que somente os chamados países “desenvolvidos” ensinam Cuidados Paliativos nas faculdades de medicina e enfermagem. Cerca de 50% das nações não dispõe de políticas de acesso a opioides e, por fim, que Cuidados Paliativos são considerados uma especialidade em somente 10 países.

Podemos nós, escoceses, ajudar? A resposta é um grande SIM!

  1. Nós podemos ajudar um médico ou enfermeira de um país em desenvolvimento a passar ao menos duas semanas em um serviço de Cuidados Paliativos. Eles devem conhecer tudo o que fazemos, dedicando ao menos 30 minutos de cada dia a uma sessão de Perguntas e Respostas com membros da equipe. Sei por experiência que essa é uma tarefa exaustiva para todos os envolvidos: não é uma viagem de férias para o visitante, nem trás recursos para a unidade. Mas a experiência pode ser marcante. Além disso, se um bom número de serviços se comprometerem a realizar esta ação, pode haver interesse de patrocinadores.
  2. Segundo, médicos especializados, com auxílio da IAHPC, podem visitar um serviço de Cuidados Paliativos no exterior por, no mínimo, duas semanas. Lá, eles podem demonstrar, ensinar e explicar cada detalhe da paliação aos profissionais que ali trabalham. De novo, isso não é motivo para férias (voos em classe econômica, acomodação básica, longas horas de trabalho). De fato, este esquema quase parou devido aos poucos médicos preparados para tantos sacrifícios!
  3. Minha terceira sugestão é que realizemos programas de intercâmbio entre unidades de países em desenvolvimento com unidades de mesmo tamanho e número de colaboradores na Escócia. Ambas as partes se comprometem a manter contato frequente e regular, por e-mail ou Skype, para dividir informações sobre problemas clínicos, material de ensino, avaliações, problemas de gerenciamento, dicas de motivação e sobre negociações com o governo. Esta ação tem melhores resultados quando ambas instituições estão aproximadamente no mesmo estágio de desenvolvimento. É um exercício de compartilhamento: ambas estão abertas para ajudar-se mutuamente.

Uma questão final desafiadora:

Cuidados Paliativos sempre foram vistos como um exercício de compaixão, de cuidar daqueles em desespero. Esta compaixão não deveria ser estendida aos nossos amigos de fora que atualmente encontram mais dificuldades de reconhecimento do que nós tivemos em 1968?

Eu acredito que sim.”


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