Equipe multi, atuação inter e pensamento transdisciplinar

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24 de maio de 2021

Equipe multi, atuação inter e pensamento transdisciplinar

Primeiro é importante diferenciar uma equipe multiprofissional, constituída por diferentes especialidades, de uma equipe que além dessas características, promove ações interdisciplinares e compartilhadas para o cuidado integral ao paciente. A interdisciplinaridade envolve portanto a reformulação de saberes, além das fronteiras pela maior integração profissional entre as áreas, sem deixar de existir competências individuais de cada especialidade, desta forma a maior interação profissional entre as áreas tem como objetivo comum o de promover o cuidado total ou integral.

Andrezza Viviany Lourenço Marques – farmacêutica

Segundo a farmacêutica, Andrezza Viviany Lourenço Marques, a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº36 de 2013, que institui ações para a Segurança do Paciente, é um exemplo de ações interdisciplinares dentro dos serviços de saúde, pois além das atribuições específicas de cada profissional e de cada área, coloca as interdisciplinares como importantes para promover a Segurança do paciente em todas as etapas da sua assistência. Já a RDC nº41 de 2018, dispõem sobre as diretrizes para a organização escolar se destacando a importância dos cuidados continuados e integrados, e no mesmo ano atualização do manual do Sistema Brasileiro de acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) no nível 1 já houve a inclusão de um critério que envolve a implantação da política de cuidados paliativos no serviço. As atribuições dos profissionais farmacêuticos específicas da área tornam possível compartilhar propostas que possam promover melhorias no cuidado ao paciente através da padronização de medicamentos, de protocolos assistenciais, atuação do farmacêutico na no cuidado do paciente em relação ao uso de medicamentos, educação em relação às interações que o paciente pode apresentar com alimentos, se ele não faz administração da medicação no horário adequado e quais são as consequências que o paciente pode ter principalmente em relação ao controle da dor, com essas ações específicas da área se contribui para alternativas terapêuticas minimizando seus sintomas.

Andrea Geórgia de Souza Frossard – assistente social

Já a assistente social, Andrea Geórgia de Souza Frossard, destaca a importância das conexões interdisciplinares nos cuidados paliativos, que é um campo transdisciplinar por natureza. Cuidados Paliativos requerem um conjunto de conhecimentos relacionados, habilidades e atitudes associadas ao trabalho em equipe. As campanhas do Dia Mundial de Cuidados Paliativos dos últimos anos como  a “Meu cuidado, meu direito” de 2019 e “Meu Cuidado, meu conforto” de 2020, expressam ideias de conscientização e de elementos muito preciosos para o Serviço Social, uma vez que os Cuidados Paliativos são um locus privilegiado de intervenção profissional do profissional de serviço social. Há necessidade Mundial de Cuidados Paliativos, de acordo com Atlas Global de Cuidados Paliativos, estima que 56,8 milhões, incluindo 25,7 milhões de pessoas no último ano de vida, o que requer o preparo profissional das equipes de cuidados paliativos. O serviço social em Cuidados Paliativos entrelaça o diálogo com base em notícias difíceis, com o processo de acolhimento e a viabilização do acesso aos direitos por parte dos pacientes. No campo dos cuidados paliativos, a questão social como objeto de intervenção do serviço social é a dor social, cuja expressão desígnio de análise deriva da dor total.

Ednalda Maria Franck – enfermeira

A enfermeira, Ednalda Maria Franck destaca a questão que permeia diferentes fases do processo de cuidado, pois em Cuidados Paliativos se começa a atender o paciente desde o início do diagnóstico da doença que ameaça a vida, e dá continuidade ao cuidado durante a evolução natural da doença. Assistência em cuidados paliativos deve ser planejada pela equipe multiprofissional interdisciplinar que acompanha o paciente por meio de um plano de cuidados, sempre de acordo com as demandas do paciente e a fase de evolução da doença de base para que se consiga fazer isso de acordo com o tempo que o paciente tem e sua biografia, pois de acordo com esses valores, crenças, e desejos uma determinada ação para um paciente nem sempre funcionará da mesma forma para outro. Então o papel da enfermagem é muito importante no que diz respeito, principalmente, ao cuidado indireto ao paciente, atuando na parte assistencial, gerencial e educacional, orientando paciente e familiares sobre procedimentos, e em caso de alta hospitalar, treinar o cuidador com alguns dias de antecedência, orientar e treinar a equipe sobre as atividades que elas vão realizar e como.

Adriana da Silva Martins Ferreira – fisioterapeuta

Já a fisioterapeuta Adriana da Silva Martins Ferreira chama atenção sobre problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Quem trabalha em Cuidados Paliativos precisa necessariamente de uma equipe multidisciplinar com todas as profissões para conseguir atender o paciente como um todo. A diferença de uma equipe multidisciplinar que pratica a interdisciplinaridade é a integração entre as disciplinas, para poder conseguir interagir, pedir uma avaliação desse profissional e discutir o caso com propriedade. A diferença da prática multidisciplinar para a interdisciplinar se faz não só pela forma que os profissionais atuam, mas pelas atitudes entre seus membros. A interdisciplinaridade inclui a reciprocidade, a superação do individualismo e a inter-relação afetiva. Na fisioterapia atua-se em condições psico-físico-social para promover a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Dentro de uma equipe multidisciplinar, sempre promovendo a interdisciplinaridade, o fisioterapeuta age controlando sintomas, como dor, fadiga e dispneia. Na prática, a fisioterapia pode atuar na interdisciplinaridade promovendo uma interação com a equipe e uma sobreposição nas disciplinas, pedindo desde uma avaliação da equipe e até fazer atendimentos em conjunto e nas reuniões de equipe contribuir para implementar planos terapêuticos, compartilhando conhecimento.

 

Andrezza Viviany Lourenço Marques é farmacêutica com doutorado em ciências farmacêuticas e avaliadora do Sistema do Sistema Brasileiro de Acreditação – ONA. Andrea Geórgia de Souza Frossard é assistente social, professora e pesquisadora, com doutorado em serviço social. Ednalda Maria Franck é enfermeira, estomaterapauta e vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos Estadual São Paulo (ANCP-SP),  e Adriana da Silva Martins Ferreira é fisioterapeuta com doutorado em Ciências da Reabilitação. Todas estiveram entre os palestrantes nacionais do VIII Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 04 e 07 de novembro de 2020.


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