17 de dezembro de 2024
Hospices no Brasil ainda se conc...
Os hospices no Brasil, embora ainda em fase de desenvolvimento quando comparados a países como os Estados Unidos e o Rei...
A desospitalização de pessoas em cuidados paliativos que vivem em favelas envolve mais que uma simples transição para o domicílio. Essa foi a mensagem mais recorrente nas palestras que abordaram o tema durante o X Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos, que aconteceu entre os dias 13 e 16 de novembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.
Participaram do painel “Desafios da desospitalização e transição do cuidado para o domicílio” o enfermeiro Alexandre Silva, a assistente social Renata Carina Abreu Reis, e o clínico especialista em cuidados paliativos Dr. Luís Fernando Rodrigues, com moderação de Thaís Gonçalo, fisioterapeuta ocupacional e vice-presidente da ANCP.
Na oportunidade, os especialistas destacaram os enormes desafios que os profissionais enfrentam quando é preciso realizar a desospitalização e transição de domicílios em áreas de vulnerabilidade social, principalmente por conta da falta de estrutura básica.
“Temos um país extremamente desigual. Precisamos falar de desospitalização principalmente envolvendo o povo que ainda sofre muito, que é o povo preto e periférico. Quem mais sofre distanásia é o homem branco. Quem mais sofre mistanásia, que morre antes da hora por abandono, é a mulher preta”, destacou Alexandre Silva.
Para Renata Reis, é preciso priorizar uma cultura de transição do cuidado no ambiente hospitalar, sempre pensando na retaguarda da APS e conversando com os equipamentos. Segundo ela, para isso é fundamental o treinamento das equipes e manter sempre em mente a importância da figura do profissional navegador do cuidado.
“O profissional que percebo tem o melhor perfil para isso é o assistente social e também o enfermeiro poderá assumir, assim como qualquer outro componente da equipe que tenha interesse em apreender o contexto de rede. Fortalecer a Atenção Domiciliar também é um ponto importante, tendo em vista que o cuidador leigo tem muitas dúvidas e inseguranças para assumir os cuidados sem apoio”, explicou a assistente social.
Com as famílias cada vez menores, outros obstáculos surgem para a figura do cuidador e tornam sua rotina mais complexa. “Muitos idosos residem sozinhos, com filhos inseridos no mercado de trabalho e pouca perspectiva de flexibilidade para essa dupla jornada. Com o envelhecimento, vemos também mais idosos cuidando de idosos. E quando o paciente era o provedor da casa, ao adoecer sua renda pode reduzir significativamente, piorando ainda mais o quadro”, ressalta.
“Não bastasse, os gastos só aumentam quando a pessoa que está na condição de doente necessita de cuidados por alta dependência, pois os insumos não são garantidos em totalidade pelo SUS. Dessa forma, como poderá o cuidador deixar o mercado de trabalho para se dedicar exclusivamente ao paciente? Essas angústias precisam estar no escopo do trabalho da equipe profissional, que ao realizar o plano de cuidados deve se atentar para que a alta seja de forma segura e responsável, minimizando os riscos de novos agravos e privilegiando a prevenção quaternária”, completou Renata.
Jessica Petrucci – Presstalk/Vírgula
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