O futuro dos Cuidados Paliativos pós COVID-19

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9 de fevereiro de 2021

O futuro dos Cuidados Paliativos pós COVID-19

A pandemia de COVID-19 impactou o mundo em diversas áreas, e não seria diferente com Cuidados Paliativos. Cuidado Paliativo é uma abordagem voltada para o controle de sintomas, conforto e qualidade de vida. Deve ser oferecido em conjunto com o tratamento padrão de qualquer doença que ameace a continuidade da vida, não devendo jamais ser associado com a omissão ou exclusão (abandono terapêutico), mesmo durante uma pandemia.

Segundo a diretora do Center to Advance Palliative Care (CAPC) Diane E. Meier, o impacto do coronavírus teve e ainda tem uma grande variação geográfica, “Causa danos desproporcionais aos pobres, e as pessoas de cor e levando ao aumento do desemprego” pontuou. Pesquisa realizada pelo CAPC em maio de 2020, com cerca de 1500 organizações que trabalham com Cuidados Paliativos nos EUA, revelou que a maioria atua em hospitais e que o número de consultas foi afetado de forma diferente com diminuição considerável de 43%. O aumento no uso da telemedicina pelas equipes de Cuidados Paliativos foi notável no período com 76% de adesão, além disso os profissionais atuaram em diversos setores entre eles 69% foram envolvidos no planejamento de suas organizações e 65% realizaram treinamento com os colegas que estavam na linha de frente.

Diane E. Meier

Diane E. Meier, diretora do Center to Advance Palliative Care (CAPC)

Após todas as experiências vividas no período o que se pode planejar para o futuro dos Cuidados Paliativos? Para Diane, dentro da rotina das equipes de Cuidados Paliativos, é necessário estar preparado em primeiro lugar para a demonstração da gestão, mostrando a responsabilidade pelas eficiências operacionais e o melhor uso dos integrantes das equipes. Ela destaca quatro regras básicas para a sua sustentabilidade como o alinhamento com as partes interessadas no trabalho como as instituições nas quais atuam, finanças, eficiência operacional e a saúde da equipe. A especialista também chama atenção para a utilização das equipes, se está sendo realmente feita com total eficiência. Ela destaca questões que vão desde a identificação do paciente certo na hora certa, o uso da telemedicina, a oferta de treinamento para as equipes e colegas, e como e para quem é reportado todo o desempenho e o seu impacto.

Pensando em cenários como os vivenciados durante a pandemia de COVID-19 e como garantir os cuidados paliativos adequados durante os surtos, a diretora do CAPC recomenda que se fale com as pessoas sobre o que elas querem antes de falar da doença, que se garanta locais de atendimento alternativos evitando o acumulo de pessoas em hospitais e emergências buscando manter os pacientes e seus familiares em casa com suporte telefônico a qualquer momento, kits com medicamentos para alivio da dor e equipamentos de proteção individual (EPI´s) para os cuidadores e familiares. “O não planejamento de cuidados paliativos adequados quando se espera um aumento significativo de doenças e mortes é inadmissível e pode comprometer a confiança do paciente, a saúde emocional a longo prazo e os valores básicos de nossa instituição. A prestação de cuidados paliativos no contexto de um desastre com recursos escassos é um imperativo moral de uma sociedade humana.” Recitou.

 

Diane E. Meier é diretora do Center to Advance Palliative Care (CAPC), codiretora do Patty e Jay Baker National Palliative Care Center, professora do departamento de Geriatria e Medicina Paliativa, do Catherine Gaisman e professora de Ética Médica do Icahn School of Medicine at Mount Sinai. E esteve entre os palestrantes internacionais do VIII Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 04 e 07 de novembro de 2020.


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