O privilégio de cuidar

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4 de fevereiro de 2019

O privilégio de cuidar

A vivência que teve com  a doença de sua avó materna em estágio avançado e o acompanhamento e compreensão de sua mãe durante todo processo que inspiraram o médico espanhol Emílio Herrera Molina, presidente da New Health Foundation a descobrir sua vocação para os Cuidados Paliativos.


Emilio Herrera Molina defende a mudança do atual modelo de cuidar. “O paciente em situação terminal, ao final da vida quer apenas duas coisas: relembrar os bons momentos que viveu e as oportunidades de poder fazer alguma coisa pelos demais.” Esse paciente não quer ficar sozinho. A solidão é a maior das epidemias do mundo e atinge mais de 50% das pessoas acima de 80 anos. E como tratar isso – com compaixão, que não pode ser confundida com pena.

Para Herrera, é preciso alterar o sistema de saúde em nível mundial, alinhando os sistemas sanitário e social e as comunidades. “Mudar as coisas não é fácil, porque o nosso sistema de saúde está mal. Ele foi criado para curar, não para cuidar. Se formos capazes de devolver a sua essência, mudar os paradigmas, não como profissionais, mas como seres humanos, entenderemos que o mundo (que tem mais de 1 milhão de pessoas maiores de 60 anos com grande carga de enfermidade crônica) teria mais sentido”, afirma.

A capacidade de mobilização das pessoas para ajudar aqueles que estão sofrendo é a essência dos Cuidados Paliativos. “Se formos capazes de recuperar a emoção ao trabalhar em equipe – médicos, enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos – com humildade, talvez sejamos capazes de entender que podemos criar um quadro ideal de segurança, eficiência e satisfação das pessoas que sofrem ao nosso lado. E sobretudo, nos reencontrarmos.”

Outro ponto abordado pelo especialista é o custo do paciente terminal. Ao final de uma vida, o custo de uma pessoa é de mais de 40% de tudo o que gastou em toda a sua existência. Ela tem necessidades sanitárias, sociais e acompanhamento da comunidade. “Quando empregamos os Cuidados Paliativos no setor de saúde, conseguimos diminuir o custo sanitário, de internação e de encaminhamentos terapêuticos. E temos a oportunidade de reequilibrar o sistema, incrementando os serviços sociais e a atenção e a implicação da comunidade.”

Toda essa mudança requer introduzir elementos novos nas organizações, mirar de frente cada paciente, dizendo a ele: não te abandonarei. Três fatores são essenciais aos cuidadores paliativos: Inspiração – deixar que brote a compaixão; Inovação – fazer diferente para encontrar resultado diferente; e plasticidade – desfrutar a mudança do sistema. “Desta forma, nosso paciente irá morrer, igual a todos os outros, teremos cumprido a missão de humanidade e nos sentiremos orgulhosos pelo que fizemos por eles. Os Cuidados Paliativos estão na essência do ser humano. Se trata de passar do “dar serviço” a “servir”. De superar a dignidade e entender o que cada pessoa necessita para si mesma e nós estaremos lá para servi-la. Essa é a nossa missão”, concluiu Herrera.

Emílio Herrera Molina, é médico especialista em planejamento de programas de Cuidados Paliativos, e coordenação sociossanitária. É presidente da New Health Foundation, vice-presidente sênior de Saúde do Grupo Keralty e CEO da Operadora de Saúde Vitallis. E esteve entre os palestrantes internacionais do VII Congresso Internacional Cuidados Paliativos, realizado entre os dias 21 e 24 de novembro de 2018.


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