15 de novembro de 2024
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América Latina é uma região grande com mais de 600 milhões de habitantes e onde mais de 100 milhões de pessoas são maiores de 60 anos. Segundo Patricia Bonilla, atual presidente da Associação Latino-americana de Cuidados Paliativo (ALCP), mais de 2 milhões de pessoas necessitam de atenção ao final da vida na região. “Se é verdade que os Cuidados Paliativos na América Latina foram ampliados e os serviços foram incrementados, eles ainda seguem sendo terrivelmente insuficientes. Menos de 1% da população recebe Cuidados Paliativos”, destacou.
Tomando como base o Atlas Global de Cuidados Paliativos lançado em outubro de 2020, em comparação a edição anterior de 2014, é possível observar uma evolução nos Cuidados Paliativos em todo território. Não há mais na região países com nível 2 de atendimento, contudo ainda se observa que a maioria se concentra no nível 3A. Porém países como Brasil, Colômbia, El Salvador e Panamá, que antes estavam na condição 3A evoluíram para a 3B. Argentina, México, Chile e Uruguai encontram se situados na 4A, com destaque especial para o México que saiu de uma edição para a outra, graças a um progresso significativo, de 3A para 4A. E como único que se encontra na posição 4B está a Costa Rica. “Em relação a políticas públicas temos sete países com planos nacionais e 13 países com programas nacionais de câncer onde estão incluídos os Cuidados Paliativos”, pontuou Patrícia.
Segundo André Junqueira, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos biênio 2019-2020, com base no Atlas dos Cuidados Paliativos no Brasil 2019, último levantamento feito pela instituição, observa-se nos últimos anos um crescimento no número de equipes. O médico informa que foram Identificados quase 200 serviços de cuidados paliativos no país, com um crescimento cada vez maior a partir de 2010. Os dados foram consolidados através da publicação do Atlas Global de Cuidados Paliativos, nele o Brasil aparece com nível 3B de provisão generalizada. “Ainda não é generalizada ao nosso ver, porquê temos ainda poucos serviços para toda a estrutura de saúde do Brasil, mas é um crescimento continuo e o próximo passo é transformar esses serviços em uma rede de atendimento, para isso temos trabalhado fortemente com diversas instituições paliativistas junto com o Ministério da Saúde, as Secretaria Estaduais de Saúde representadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e as Secretaria Municipais de Saúde representadas pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), na criação de uma política pública nacional de cuidados paliativos” pontuou.
Porém a pandemia de COVID-19 teve um impacto grande no mundo, trazendo um enorme desafio com consequências difíceis e angustiantes com a grande perda de vidas, com efeitos sociais, psicológicos e espirituais. André informa que em meio a tudo que estava acontecendo por conta da pandemia, a ANCP criou do comitê COVID. “Criamos o comitê COVID que teve a participação de diversos paliativistas de diversas áreas que no meio das dificuldades de seus próprios serviços, das suas angustias pessoais e profissionais dedicaram grande tempo e energia em produzir diversos materiais para melhorar e garantir o acesso a comunicação e conhecimento em cuidados paliativos no COVID-19” destacou.
O trabalho foi desenvolvido com base em quatro pilares, Comunicação, Papel dos CP na COVID, Controle de Sintomas e Difusão de conhecimento, o trabalho teve como apoio as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dos materiais elaborados pelo comitê, a instituição trabalhou na sua divulgação pelos seus canais, não só em seu site e redes sociais, como também através de seu Podcast o Pallicast.
O paliativista destacou a relevância da comunicação com os pacientes e familiares, que no período ser tornaram ainda mais importantes, abordando a proposta Medical Situation, Values, and Plan (MVP) que trata de passos, habilidades, dicas e roteiro para facilitar conversas sobre COVID-19. Ele também destacou a mudança do ambiente de trabalho, com o uso do ambiente virtual e de recursos como a telemedicina, além de chamar atenção para a importância do trabalho em equipe principalmente em situações difíceis com as que estão sendo enfrentadas pelos profissionais em todo país.
Já Patricia informa que alinhado a missão da ALCP, durante o auge da Pandemia de COVID-19, a instituição buscou unir a expertise de diversos especialistas da América Latina com objetivo de promover educação em Cuidados Paliativa com a realização de 21 webinars. “Incluímos todos os temas relacionados aos Cuidados Paliativos e tentamos incluir a maioria dos países de forma a dar uma visão geral o que está acontecendo”, comentou a presidente da ALCP. Além disso, no site da associação foram publicadas todas as diretrizes publicadas pelos diferentes países e associações da região reunindo mais de 50 publicações e 18 vídeos.
Fazendo uma reflexão sobre os impactos da COVID-19, André Junqueira fez um resumo abordando os pontos negativos que envolvem aspectos como o descobrimento e o redescobrimento, sociais e de saúde e econômicos e políticos, e os pontos positivos que envolvem aspectos como a discussão de valores e princípios, a saúde que passou por uma aceleração de mudanças, a organização de trabalho/ educação com o isolamento social e planetárias/ ambientais com a diminuição de poluição em alguns locais e a valorização do espaço aberto.
Patricia Bonilla ressalta a criação de redes por meio de diferentes grupos na América Latina visando incluir mais países e desta forma podendo trabalhar as necessidades particulares de cada um. E conta também que a ALCP assinou um convenio com a Organização Pan-Americana da Saúde em Washington para lançar o programa Extension for Community Healthcare Outcomes (ECHO) para fornecer informações atualizadas através de caso clínicos na região. Seu inicio foi em 03 de novembro de 2020 com o primeiro encontro do programa que se repetirá nas primeiras terças-feiras de cada mês. “Se todos fizermos a nossa parte poderemos realmente alcançar o cuidado e o bem estar dos nossos pacientes” ressaltou.
Patricia Bonilla é médica anestesiologista e presidente da Associação Latino-americana de Cuidados Paliativo (ALCP).
André Filipe Junqueira dos Santos e médico Geriatra e Paliativista e presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (período 2019-2020). E estiveram entre os palestrantes internacionais e nacionais do VIII Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos da ANCP, realizado entre os dias 04 e 07 de novembro de 2020.
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