É possível ter Cuidados Paliativos na área cirúrgica

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11 de junho de 2019

É possível ter Cuidados Paliativos na área cirúrgica

“Imaginemos um cenário: para oferecer o melhor tratamento cirúrgico oncológico a um paciente masculino, com 85 anos, com suas enfermidades prévias controladas (hipertensão arterial e diabetes mellitus), e patriarca de sua família que é participativa no cuidado, propõe-se um procedimento extenso, com informações sobre a duração, eventuais complicações intraoperatórias, e o seguimento pós-operatório imediato em UTI. A decisão, compartilhada com o paciente, familiares, e com outros integrantes da equipe envolvidos na linha do cuidado, deve passar também pela projeção de possíveis cenários que demonstrariam diferentes desfechos: sequelas pós-operatórias (cirúrgicas ou clínicas), uso prolongado de dispositivos, necessidade por reabilitação multiprofissional para ganhos funcionais, gerenciamento de conflitos interfamiliares e interprofissionais, dentre outras situações complexas. A garantia da autonomia deste paciente, no que se refere aos seus desejos frente ao benefício proposto, deverá estar alinhada com a nova realidade a ser enfrentada”.

Foi desta forma que o médico paliativista Vítor Carlos Silva, que é cirurgião oncológico e intensivista, exemplificou sua atuação aliada a formação de paliativista. “Busquei a formação em Cuidados Paliativos com objetivo de trabalhar em prol de uma medicina melhor, pois reconheço os Cuidados Paliativos como filosofia em cooperação às tantas modalidades terapêuticas existentes”, explicou.

Segundo o especialista, atuando como cirurgião ele pôde perceber as diversas ações paliativas que executadas em equipe, poderiam garantir e trazer alívio ao sofrimento dos pacientes e familiares. “Não só com procedimentos higiênicos, desobstrutivos ou derivativos, mas também na construção do vínculo e confiança do seguimento pós-operatório e parcerias com os diversos profissionais do cuidado”, esclareceu.

Sob o conceito da proporcionalidade terapêutica, Vitor afirmou que trabalhar em equipe os possíveis cenários pós-enfermidades ameaçadoras da vida como sepse, hemorragia, acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio, insuficiência ventilatória, cuidados pós-grandes cirurgias, entre outros, faz refletir sobre os benefícios de cada intervenção proposta. “O conhecimento dos princípios éticos envolvidos e a adequada capacitação técnica paliativa vem então a aperfeiçoar os conhecimentos trazidos pelas especialidades garantindo melhores experiências aos pacientes e familiares” destacou.

O desejo do paliativista é que seja possível o desenvolvimento da Saúde com ideias práticas de Cuidados Paliativos a partir de fortes vínculos entre as pessoas, e assim entre os mais diversos serviços no país. “Acredito no processo evolutivo (pessoal e em sociedade) com base no estudo e boa formação técnica, mas também alinhando a busca pela redução do sofrimento alheio e a preservação da identidade pessoal” afirmou.


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