15 de novembro de 2024
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Criado em 2014, o Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) em seu início dispunha apenas de uma médica e uma psicóloga. Na época, a maioria das solicitações de pareceres vinham da Clínica Cirúrgica, sendo 70% dos pacientes oncológicos, com uma média de 50 solicitações de pareceres por mês. No último semestre de 2020, a média de solicitações aumentou para 90 pareceres por mês. Segundo Giselle de Almeida Batista, médica geriatra, paliativista e coordenadora da equipe de Cuidados Paliativos da instituição, o serviço ao longo dos anos ampliou seu quadro de profissionais, tornando-se a maior equipe estendida do estado do Ceará. “Recebemos várias residências profissionais para estágio obrigatório e atualmente somos a única equipe do serviço público no Ceará com as 3 modalidades de atendimento: ambulatório multiprofissional, enfermaria com 6 leitos próprios e pareceres”, pontuou.
A coordenadora informa que após aprovação da direção do hospital, do Núcleo de Segurança do Paciente e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), em setembro/2020, a equipe lançou o protocolo de hipodermóclise do hospital e iniciou a educação continuada nas unidades no intuito de disseminar o conhecimento teórico e prático do uso da hipodermóclise para técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. Em novembro de 2020, o serviço abriu seu ambulatório multiprofissional de Cuidados Paliativos, com um turno por semana, atendendo de quatro a seis pacientes. Durante o atendimento ocorre o preenchimento da Caderneta Interativa de Cuidados Paliativos. “A caderneta foi construída visando atender a necessidade da avaliação multidimensional do paciente que requer uma abordagem paliativa”, explica. Já em dezembro de 2020, o serviço abriu a Unidade de Cuidados Integrais (UCI), uma enfermaria de 6 leitos para pacientes em cuidados paliativos que estão em cuidados de fim de vida com foco em alívio de sintomas físicos e resolução de problemas psico-sócio-espirituais, bem como proporcionar o entendimento da morte como um processo natural da vida.
A médica informa que a equipe atualmente é composta por 16 profissionais: 7 médicos, 2 enfermeiras, 2 psicólogas, 2 assistentes sociais, 1 fisioterapeuta, 1 fonoaudióloga. Em média, a equipe responde por 42 pareceres mês e destes, 32 pacientes são acompanhados pelo serviço. “Existe esta diferença porque às vezes respondemos o parecer num dia e no dia seguinte o paciente é transferido para outro hospital ou vem a óbito”, explicou. Entre fevereiro e junho de 2020, foram recebidas 409 solicitações de pareceres. A equipe respondeu 211 e acompanhou 159 destes pacientes. Segundo Giselle, a equipe é acionada pelos médicos assistentes dos pacientes através da solicitação de pareceres. “Isso é feito via sistema de prontuário eletrônico a partir das diversas alas do hospital, exceto UTI neonatal, pois não dispomos de pediatra/ neonatologista na equipe”, complementou. No acompanhamento dos pacientes, a equipe procura realizar conferência familiar, além disso o hospital dispõe de equipe ecumênica para acompanhamento espiritual. Em relação ao cuidado com os profissionais da equipe são realizados momentos com musicoterapia, psicodrama e o projeto Cuidando de quem cuida. Iniciado em agosto de 2020, nele dois profissionais cuidarão da equipe por um mês, provendo atividades de cuidado como meditação, dança, massagem, contemplação da natureza e oração nas reuniões semanais.
A docência é um grande diferencial da equipe, pois o serviço está atrelado a um hospital-escola. A equipe é responsável pela preceptoria de 65 estudantes por ano, sendo 13 residentes de Clínica Médica do Hospital Geral de Fortaleza, 12 internos de medicina, dois residentes de Medicina Paliativa, dois a três Residentes de Terapia Intensiva do Hospital Geral de Fortaleza, e 36 residentes multiprofissionais de Cancerologia e Neurologia da Escola de Saúde Pública e de Terapia Intensiva do HGF. O estágio no serviço tem 4 objetivos, o de permitir que os estudantes adquiram informações e vivenciem na prática os principais temas em Cuidados Paliativos; desenvolvam habilidades subjetivas através de vivências e exercícios de autoconhecimento para o amadurecimento profissional e enriquecimento de suas potencialidades; realizem o manejo dos principais sintomas e técnicas de comunicação e aprimorem a integração com equipe interdisciplinar. “Para atingir esses objetivos, o estágio obedece a um cronograma mensal em que todos participam de diversas atividades acadêmicas, como: seminários, oficina de prescrição de medicamentos, oficina de hipodermóclise, role play de comunicação, discussão de artigos, além de avaliação escrita com casos clínicos”, justificou Giselle de Almeida Batista. Em 2019, o serviço realizou seu primeiro Simpósio do Serviço de Cuidados Paliativos do HGF, com o tema: Paliar é cuidar. O simpósio teve como público-alvo os profissionais e estudantes de todos os setores do HGF e de outros serviços de Cuidados Paliativos de Fortaleza. O objetivo foi sensibilizar o corpo clínico do hospital a respeito dos princípios de Cuidados Paliativos e divulgar os principais temas desta área de atuação.
Para a coordenadora do serviço, um dos principais desafios é o tamanho desproporcional da equipe em relação ao tamanho do hospital que possui 541 leitos. Além disso, não há sala administrativa exclusiva do serviço, a maioria dos profissionais possui um vínculo empregatício frágil, com uma remuneração baixa e irregular. “Percebemos um desconhecimento dos cuidados de fim de vida e do processo ativo de morte por parte da equipe assistente devido a ausência de formação em cuidados paliativos na grande maioria das instituições de graduação e falta adesão às sugestões no parecer por algumas equipes assistenciais. Com a abertura do ambulatório multiprofissional criamos um braço para auxiliar na linha de cuidado do paciente e futuramente planejamos a abertura do ambulatório de luto para acolher os familiares dos pacientes da UCI. E observo que falta incentivo na equipe em relação à produção científica.” destacou.
A médica geriatra e coordenadora da equipe de Cuidados Paliativos do HGF, Giselle de Almeida Batista, destaca que desde o segundo semestre de 2020, as assistentes sociais do serviço estão atuando também no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do HGF e no andar que possui mais pacientes do serviço contribuindo diretamente nas questões sociais para facilitar a desospitalização. Além disso, a abertura do ambulatório proporcionou uma ponte mais segura para a desospitalização dos pacientes com PPS > ou igual a 50%. Realizaram também, o Curso Básico de Cuidados Paliativos online, com carga horária de 40h, nos meses de outubro a dezembro de 2020 com a participação de 204 profissionais do HGF no total. Encontra-se em produção pelo serviço social da equipe uma cartilha de orientações previdenciárias e assistenciais para serem disponibilizadas aos diversos profissionais do hospital e também aos usuários.
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